quinta-feira, 21 de junho de 2012


Ativistas que lutam contra aids e tuberculose fazem manifestação na Rio+20 para estimular controle social no País


Pedro Malavolta em especial para a Agência Aids 

Organizações não governamentais (ONG) que trabalham com questões ligadas à aids e à tuberculose aproveitaram a realização da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, para chamar atenção sobre as dificuldade que a sociedade civil organizada brasileira está sofrendo. Nessa terça-feira, 19 de junho, cerca de 50 pessoas participaram de uma manifestação. Eles seguraram cartazes com frases com reivindicações como “A saúde brilha em genebra, mas a vulnerabilidade continua aqui”, distribuíram camisinhas e cantaram palavras de ordem como “não é mole não, controle social está em risco de extinção”. Os ativistas percorreram o espaço da Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo, e depois seguiram até a Cinelândia no centro do Rio.

O ato faz parte das ações da campanha SOS ONGs Brasil, lançada em fevereiro deste ano, que pede uma rediscussão sobre o financiamento das entidades da sociedade civil que fazem o controle social das políticas de saúde, em especial no caso da aids e da tuberculose.

Nilo Geronimo Borgna, ativista soropositivo que estava na manifestação, denunciou as mudanças na política de isenção no transporte intermunicipal na região metropolitana do Rio. “Antes tínhamos passe livre no transporte intermunicipal, hoje estamos limitados a 10 passagens e às vezes precisamos usar essas passagens para transporte dentro do município também”, contou

Para Felipe de Carvalho, da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA), problemas como o de Borgna exemplificam como “a falência de ONGs ligadas ao controle social causa uma precarização da resposta brasileira e local para a aids”.

Evolução das negociações com o governo

Renata Reis, também da Abia, acredita que a campanha SOS ONGs Brasil “quer garantir um debate amplo e claro sobre o financiamento das ONGs no Brasil.” Segundo ela, a falência das organizações da sociedade civil terá consequências para a maneira como é estruturado o tratamento e a prevenção as doenças sexualmente transmissíveis no País. “A resposta brasileira sempre foi considerada um exemplo porque juntava a atuação do poder público com a da sociedade civil”, explica.

Para Renata, é impossível para as ONGs viverem apenas com os editais de publicações, eventos ou projetos. “Não conseguimos garantir condições dignas de trabalho dessa maneira. E nós precisamos de dedicação para conseguir enfrentar aspectos da epidemia de aids hoje como a complexidade das respostas biomédicas, de comércio internacional e de patentes.”

Segundo Renata, para a Abia, a reunião realizada com o governo para discutir o problema ainda não provocou respostas satisfatórias. “Não dá para dizer que o ministério não respondeu, mas essa resposta ainda não resolve os problemas”, disse. “Precisamos de um financiamento emergencial para garantir a continuidades das ONGs que fazem controle social antes de iniciar o debate sobre financiamento”, finalizou.