sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Alcançando a tuberculose dentro do sistema prisional

Reach significa alcançar em inglês. Pensando nisso, a Parceria Stop TB lançou em 2010 a iniciativa TB Reach, com o apoio financeiro da Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional. A ideia é alcançar as populações em situação de maior vulnerabilidade ao redor do mundo e detectar e tratar o maior número possível de casos de tuberculose.

Com mais de 110 projetos financiados em mais de 40 países, o TB Reach registra um aumento médio de 30% na detecção de casos nas diferentes fases do plano de financiamento.

Em 2014, o Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), do Ministério da Saúde, em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e com as Secretarias de Saúde, de Segurança Pública do Rio Grande do Sul e da Administração Penitenciária do Rio de Janeiro, iniciou o projeto TB Reach no Brasil, com foco no sistema prisional.

Com uma incidência de casos 28 vezes maior que a população geral, o sistema prisional brasileiro, nos moldes atuais, é o ambiente ideal para a propagação da tuberculose. Como a doença é causada por uma bactéria, transmitida pelo ar, ambientes fechados, com aglomeração de pessoas, pouca ventilação e sem a entrada da luz solar, favorecem o contágio e não é anormal ver muitos casos de tuberculose entre os presos.

Associados ao aspecto físico do local, o desconhecimento dos sintomas e das formas de transmissão, a falta de acesso ao diagnóstico e ao tratamento, e o estigma e preconceito dificultam ainda mais o controle da doença no ambiente carcerário.

Por isso, o TB Reach foi elaborado na perspectiva de apoiar a implementação e ampliação de duas frentes: detecção de casos por meio da testagem e ações de educação em saúde com toda a comunidade carcerária (presos e familiares, profissionais de saúde e de segurança). O projeto está sendo executado em unidades prisionais do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.

Detecção

Para aumentar a detecção de casos, o projeto estabeleceu uma rotina de rastreamento nas unidades prisionais, permitindo a realização de testes como a radiografia de tórax e o teste rápido molecular de tuberculose, que tem mais sensibilidade e permite identificar bacilos resistentes a um dos medicamentos utilizados no tratamento.

O projeto permitiu um investimento na área de diagnóstico possibilitando a aquisição de equipamentos radiológicos digitais, além da montagem de laboratórios para o diagnóstico da tuberculose.

No Presídio Central de Porto Alegre foi possível avaliar 5.158 internos, entre outubro de 2014 e junho de 2015 e foram detectados 157 casos de tuberculose. Com essa informação, é possível concluir que o risco de adoecimento nessa unidade é 82 vezes superior ao risco de adoecimento por tuberculose na população em geral.

O trabalho está apenas começando e já demonstra que é fundamental reforçar o rastreamento para detectar e tratar precocemente a doença, evitando sua propagação intra e extramuros.

Comunicação

A tuberculose tem cura o tratamento é gratuito e está disponível no SUS. Essa é uma informação valiosa para o sucesso do tratamento e controle da doença. Outras informações também são fundamentais.

O projeto TB Reach Brasil incluiu um plano de comunicação com ações específicas para cada público da comunidade carcerária com o intuito de disseminar informações sobre os sintomas, formas de contágio e tratamento para a tuberculose e auxiliar o aumento da detecção de casos. Para elaborar a campanha de maneira acertada e para garantir a participação dos públicos, entre outras atividades, foram realizados grupos focais com profissionais de saúde, profissionais de segurança, internos e visitantes. A participação da comunidade carcerária na elaboração da campanha de comunicação é essencial para que os objetivos sejam alcançados.

A campanha de educação em saúde nas unidades prisionais do projeto será implementada a partir de 2016, e deverá ser estendida a outras unidades prisionais do País.

Saiba mais sobre Tuberculose em populações vulneráveis

Além dos fatores relacionados ao sistema imunológico de cada pessoa, o adoecimento por tuberculose, muitas vezes, está ligado à desigualdade social. Assim, alguns grupos populacionais tem maior vulnerabilidade devido às condições de saúde e de vida a que estão expostos. 

A tuberculose na população privada de liberdade constitui um importante problema de saúde pública, especialmente nos países de alta e média endemicidade. No Brasil, a população privada de liberdade representa 0,3% da população do país, no entanto contribui com cerca de 7,3% dos casos de tuberculose notificados (Ministério da Saúde, 2014).

Por isso, a aplicação do TB Reach no Brasil foi direcionada para o sistema prisional.

Para saber mais sobre o programa, clique aqui (em inglês).


Página da Comunidade de Práticas publica conteúdo sobre tuberculose

Como resultado das articulações entre o Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) e o Departamento de Atenção Básica (DAB) do Ministério da Saúde, a Comunidade de Práticas, página do Facebook mantida pelo DAB para divulgar informações gerais sobre saúde, publicará uma série de nove posts sobre a tuberculose.

As ilustrações são acompanhadas de textos curtos com orientações gerais sobre a TB, como quais são os sintomas, como é o tratamento e onde a população pode procurar atendimento. As mensagens serão publicadas toda terça-feira na página da Comunidade de Práticas.

Segundo  Vânia Camargo, consultora técnica do PNCT, a divulgação de informações pelas diversas fontes consultadas pela população e pelos trabalhadores é fundamental para um processo consolidado de educação em saúde. “Informações sobre tuberculose precisam ser disseminadas, de maneira contínua. Como ainda há  mitos e mal entendidos sobre a doença, é muito importante divulgar mensagens corretas para toda população. No caso da tuberculose, o trabalho da atenção básica é imprescindível para detecção e controle da doença, por isso são parceiros fundamentais, e este trabalho conjunto na discussão e criação das postagens é um exemplo que a articulação dá bons frutos”, explica Vânia.

Com uma média de 70 curtidas e 145 compartilhamentos por post na página da Comunidade, a expectativa é de atingir um grande número de pessoas e conscientizar a população sobre a tuberculose.

Clique nos links abaixo para ver o que já foi postado e acompanhe a página clicando aqui.





Você também pode ver esses posts e outros conteúdos na página Circulando a Informação.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Tocantins realiza oficina sobre Tuberculose em populações de maior vulnerabilidade

Representante da Atenção Básica - Saúde Prisional
De: Coordenação do Programa Estadual de Controle da Tuberculose - TO

Entre os dias 17 e 18 de setembro de 2015, o Programa Estadual de Controle da Tuberculose do Tocantins realizou a Oficina de Fortalecimento da Vigilância Epidemiológica da Tuberculose em populações vulneráveis. O objetivo do encontro foi atualizar os profissionais de saúde que atuam com essas populações sobre as novas recomendações para o controle da tuberculose.

A oficina contou com mesas redondas para discutir a situação epidemiológica da tuberculose no Tocantins entre as populações vulneráveis, com destaque para a população privada de liberdade e para a população indígena do estado. Também foram discutidos o diagnóstico da TB com a implementação do teste rápido molecular, além da situação do HIV/Aids e da coinfecção no Tocantins.

Foram divulgados também os resultados da Pesquisa de Sintomático Respiratório, 1º semestre/2015, entre outros informes.

Participaram da oficina 33 profissionais de saúde envolvidos com a problemática da TB entre privados de liberdade e indígenas, representando 20 municípios.

O evento ocorreu no Auditório do Anexo I da Secretaria Estadual de Saúde do Tocantins, em Palmas.

Representante do Distrito Sanitário Especial Indígena - TO


terça-feira, 8 de setembro de 2015

Piracicaba e seus alunos mostram seus trabalhos para o projeto Driblando a Tuberculose


No dia 27 de maio de 2014, foi lançado o projeto Driblando a Tuberculose, cujo objetivo é informar os estudantes sobre a doença, utilizando o futebol como veículo para a divulgação das mensagens. O projeto é uma iniciativa da Parceria Brasileira contra a Tuberculose, Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde e Educação do Estado e Município de São Paulo, e surgiu da adaptação da campanha Kick TB, realizada na África do Sul em 2010.
Dando continuidade ao projeto, a cidade de Piracicaba, por meio do Centro de Doenças Infecto Contagiosas (CEDIC) e da Vigilância Epidemiológica, estabeleceu uma parceria com a Diretoria de Ensino da Região de Piracicaba para desenvolver ações de prevenção à tuberculose junto a população.

Como o projeto Driblando a Tuberculose tem por finalidade ampliar o conhecimento sobre a tuberculose, o envolvimento dos estudantes das escolas contribui para o controle da doença, na medida em que eles sensibilizam familiares e a comunidade em geral. Isso também ajuda a diminuir o preconceito e o estigma ainda relacionados à doença.


O município realizou atividades em quatro unidades escolares e a proposta foi trabalhar o tema em sala de aula, com base no currículo oficial do Estado de São Paulo. O lançamento local ocorreu no dia 24 de março de 2015 (Dia Mundial do Combate à Tuberculose), com orientações da interlocutora das Ações de Tuberculose do município de Piracicaba, Ermelinda Esteves, e do Coordenador das Ações de Tuberculose Municipal, Dr. Eduardo Rebeis, aos Professores Interlocutores de Saúde/Prevenção da Rede Pública Estadual.


Para estimular a participação dos alunos, foi realizado um concurso de logotipo e slogan sobre o tema Driblando a Tuberculose. O resultado do concurso foi um grande número de trabalhos de alta qualidade, que foram expostos no II Simpósio de Tuberculose – Piracicaba e Região “Trabalhando a Prevenção”.









Para ver mais fotos e mais detalhes sobre o projeto de Piracicaba, clique aqui.


Sobre o Driblando a Tuberculose

O projeto foi lançado antes da Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil.

Ao associar o espetáculo mundial do futebol à necessidade de mobilização em massa, o projeto pretende “driblar a tuberculose” por meio do compartilhamento de informações sobre a doença e envolvimento de crianças de escolas estratégicas na disseminação dessas informações em suas respectivas comunidades.

Para isso, foram confeccionadas bolas com mensagens de sintomas e prevenção da tuberculose para serem distribuídas nas escolas e trabalhadas segundo metodologia desenvolvida pelo projeto. É sabido que por meio do esporte se aprende valores como tolerância, solidariedade e trabalho em equipe. O que ainda não haviam testado é a eficácia do esporte como ferramenta de comunicação em saúde nas escolas.

Veja mais detalhes sobre o projeto lançado em 2014 clicando aqui.


Veja alguns desenhos. Para ver mais, clique aqui.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Plano Global para Tuberculose 2016-2020: última consulta regional em Buenos Aires – em direção ao esboço final


De Stop TB Partnership

Buenos Aires, 4 de setembro de 2015 – A quarta e última consulta regional sobre o Plano Global para Tuberculose 2016-2020 terminou esta semana e contou com mais de 40 participantes, representando os diversos parceiros e stakeholders da América Latina e Caribe.

A consulta destacou os elementos-chave para o esboço do Plano Global que enfoca a mudança de paradigma, fundamental para eliminar a epidemia de TB, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) e com a Estratégia End TB da Organização Mundial da Saúde (OMS). Também foi possível destacar as metas de 90- (90) -90 articuladas no Plano Global e a abordagem diferenciada necessária para se ter um progresso rápido. O atual Plano Global representa o case de investimento e será a ferramenta de advocacy para os primeiros cinco anos da Estratégia Fim à TB (End TB) da OMS, que vai até 2035.

A reunião aprofundou alguns temas de relevância para a região, incluindo iniciativas de proteção social, iniciativas mais centradas nas necessidades das populações chave, inovações e uma abordagem diferenciada na prestação de cuidados, abrangendo as ações para as cidades que estão planejando a eliminação da TB.

Foi discutida também a necessidade de destacar a importância da proteção social para a região, assim como convocar uma chamada do Plano Global para coletar evidências mais fortes e documentar iniciativas em curso. Isto é especialmente importante para instrumentalizar os tomadores de decisão e parlamentares com argumentos baseados em evidências, para mudar a política e alocar recursos para a proteção social. Os países também precisam implementar uma abordagem mais sistemática para medidas de proteção social, seguindo um processo de desenvolvimento de políticas e estratégias e sua aplicação sistemática. Existem alguns programas de TB com experiências nesse sentido, mas há muitos outros programas de saúde com uma experiência mais consolidada, dos quais os departamentos de TB podem aprender. Para evitar interrupções em medidas de proteção social, devido à mudança de governo ou uma mudança nas prioridades políticas, alguns países aprovaram 'leis' de TB abrangentes que têm sido úteis para promover uma abordagem legal e baseada em direitos para medidas de proteção social que se sustentem.

Ao discutir a inovação e pesquisa em relação ao foco do Plano Global sobre a mudança de paradigma, o grupo sugeriu uma maior utilização de sistemas e ferramentas de tecnologia da informação, incluindo mHealth, eHealth e biometria. O papel das mídias sociais, auditoria social e da implementação sistemática de observatórios sociais, com o objetivo de melhorar a assistência ao paciente e coleta mais rápida de dados programáticos, também foi destacado. Há uma necessidade de documentar iniciativas novas e inovadoras a fim de impactar as políticas para melhorar a coordenação e as redes com as universidades que realizam pesquisas sobre TB, para que os resultados sejam usados pelos programas nacionais.

Em populações-chave, as discussões se centraram em ir além da identificação e destacaram o como chegar a esses grupos. Foi colocada também a necessidade de fornecer mais orientações e um quadro sobre como priorizar as populações-chave em nível nacional para ações focadas, juntamente com a necessidade de implementar abordagens especiais culturalmente sensíveis de prestação de cuidados a grupos como os migrantes indocumentados. Do ponto de vista conceitual, o grupo sugeriu também que o Plano Global promova que a resposta à TB deve ser moldada com a perspectiva dos direitos humanos e de gênero.

Encerrando a sessão com uma discussão sobre as necessidades de recursos, foi sugerido que o Plano Global deve recomendar a coleta de dados mais qualificados sobre as finanças dos países, incluindo sistemas melhorados para o rastreamento e reporte dos financiamentos domésticos. O Plano também deve encorajar os países individuais a usar uma abordagem semelhante para a quantificação do "retorno dos investimentos" para seus esforços de mobilização de recursos locais e abordar a importância da alocação eficiente de recursos limitados para maximizar o impacto.

Esta última consulta regional segue as discussões e a aprovação que foi dada na consulta regional inaugural, realizada em Maio, em Adis Abeba, seguida de Bangkok em junho e a terceira, que aconteceu na Turquia em julho.

O Plano Global será lançado em novembro, seguido de uma chamada pública para a sua aprovação e compromisso dos países, no final do ano na Cidade do Cabo, África do Sul, na 46ª Conferência Mundial sobre Saúde Pulmonar, da Union.

Parceria Stop TB lança chamada para a sétima rodada do Challenge Facility for Civil Society

A Parceria Stop TB lançou uma chamada para a sétima rodada do Desafio para a Sociedade Civil (Challenge Facility for Civil Society – CFCS). O CFCS oferece bolsas para intervenções inovadoras e tecnicamente embasadas que apoiem o engajamento das comunidades na resposta nacional à tuberculose (TB).

As respostas das comunidades são componentes vitais para o enfrentamento à TB. Começando com a sétima rodada, o CFCS vai investir de maneira significativa em projetos comunitários integrados e que façam parte de uma resposta abrangente à TB. Esse investimento será feito nos países apoiados pelo Fundo Global de combate à AIDS, Tuberculose e Malária. O Fundo Global investe no fortalecimento dos sistemas comunitários para reforçar a capacidade dos grupos que se engajam no enfrentamento à TB nos âmbitos local e nacional.

As bolsas podem chegar a 60 mil dólares e o prazo para inscrições é 16 de outubro de 2015.

Para saber mais, acesse http://www.stoptb.org/global/awards/cfcs/about.asp (em inglês).