sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Tuberculose é tema de encontro internacional no Congresso Brasileiro

Brasília, 08 de outubro de 2015 – “A tuberculose é a doença infecciosa que mais mata no mundo. Já fizemos grandes avanços para controla-la mundialmente, mas se continuarmos nesse ritmo, levaremos, pelo menos, 200 anos para eliminar a doença.” Essa é a fala contundente do deputado inglês Nick Herbert, que esteve no Congresso Nacional para chamar a atenção para o controle da tuberculose no mundo.

Herbert é presidente da Frente Global de Enfrentamento à Tuberculose e participou de reuniões com deputados da Frente Parlamentar de Luta contra a Tuberculose no Brasil e de uma audiência pública específica sobre o tema.

Sob o comando do deputado Antonio Brito, presidente da Frente Brasileira, a audiência, realizada no dia 08 de outubro, contou com as apresentações de Herbert, Antônio Carlos Nardi, Secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Luis Codina, representante adjunto da Organização Pan-Americana de Saúde e Carlos Basília, Secretário da Parceria Brasileira contra a Tuberculose.
O objetivo da audiência pública, articulada entre a Frente Parlamentar, a Frente Global e o Programa Nacional de Controle da Tuberculose, do Ministério da Saúde, foi debater o papel do parlamento na luta contra a tuberculose no mundo.

Para Nick Herbert, o papel do parlamentar é fundamental para garantir a presença desses temas no debate político de cada país. "À medida que novas ameaças como o Ebola demandam a atenção de todo o mundo, precisamos lembrar aos líderes políticos que a tuberculose ainda mata 1,5 milhões de pessoas todos os anos, o que significa que a cada dois dias ela mata tantas pessoas como o Ebola matou no total. O mundo não pode se dar ao luxo de fazer escolhas entre enfrentar uma ou outra doença – é preciso lutar em todas as frentes para vencer a todas as epidemias”, afirmou Herbert.

Com o apoio do deputado Antonio Brito, um dos signatários fundadores da Frente Global, Herbert pediu aos demais deputados brasileiros que também se unam ao grupo, firmando a declaração de Barcelona, instrumento que oficializa a formação da frente. O grupo já conta com quase 600 deputados, de 97 países, em menos de um ano desde sua formação (Novembro de 2014).

No dia anterior, Nick Herbert participou da reunião ordinária da Comissão de Seguridade Social e Família, dividindo a mesa com Lord Jim O’Neill, Secretário do Tesouro do Reino Unido e criador do Acrônimo BRICS, e Dame Sally Davies, Diretora Médica do Governo Britânico. Durante a reunião, além da tuberculose, foram abordados os temas da resistência microbiana aos antibióticos e a necessidade de pesquisa e desenvolvimento para a produção de medicamentos e diagnósticos mais modernos, além do uso indiscriminado de antibióticos na pecuária.

Eles foram unânimes em reforçar a importância da ação coordenada entre os países e como o Brasil pode ter um papel protagonista na cooperação com outras nações em desenvolvimento. “Temos que investir agora na produção de medicamentos mais eficazes e deve ser um trabalho conjunto. O risco de epidemias causadas por micróbios resistentes aos antibióticos é muito alto e os países mais afetados seriam os que estão em desenvolvimento.”, explica O’Neill.

A reunião contou com a participação de 42 deputados, que fizeram diversas perguntas aos palestrantes e destacaram a questão dos determinantes sociais para a propagação da tuberculose e outras doenças negligenciadas.

Visita à Rocinha*

Matt Oliver, Maria Helena Carneiro, Rita Smith e Nick Herbert
Em visita à comunidade da Rocinha, guiados por Carlos Basília, secretário executivo da Parceria Brasileira Contra a Tuberculose e coordenador do Observatório Tuberculose Brasil, e Rita Smith, fundadora e presidente do Grupo de Apoio aos Pacientes e Ex-pacientes de Tuberculose da Rocinha (Gaexpa), Matt Oliver, representante da Frente Global de Enfrentamento à Tuberculose, e o deputado britânico Nick Herbert puderam conhecer melhor as relações entre os determinantes sociais e a incidência da doença.

A visita foi motivada pelo interesse pessoal do parlamentar inglês de conhecer uma comunidade com alta incidência da doença, um serviço público de saúde, as condições de vida das pessoas afetadas pela tuberculose, e as ações promovidas pela sociedade civil, ONGs e grupos comunitários. O parlamentar abriu mão da prerrogativa de uma segurança especial na sua condição de autoridade internacional e se dispôs a andar a pé pelas ruas, ladeiras e vielas da comunidade, e de forma muito descontraída, simpática e atenciosa conversou com os moradores, pacientes de tuberculose e profissionais de saúde.

Frente Parlamentar de Luta Contra a Tuberculose no Brasil

Criada em 8 de maio de 2012, a Frente Parlamentar era uma reivindicação antiga de ativistas e gestores da saúde pública e se materializou a partir da iniciativa do Deputado Antônio Brito, presidente da Comissão de Seguridade Social e Família, com o objetivo de acompanhar a política nacional de controle da tuberculose, buscando, de forma contínua, aperfeiçoar a legislação relacionada à saúde, assistência social e outras políticas vinculadas, a partir das comissões temáticas nas duas Casas do Congresso Nacional.

Campanha Nacional de Tuberculose 2015

Com o mote “testar, tratar e vencer”, a campanha é protagonizada pelo jogador de futebol Thiago Silva. “Tuberculose existe, mas tem cura”, alerta o jogador no vídeo. O zagueiro foi diagnosticado com a doença em 2005, quando jogava em um time russo. Ele retornou ao Brasil, onde recebeu tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi curado e seguiu a carreira de jogador.
A falta de informação pode ser um obstáculo ao diagnóstico e ao tratamento. Por isso, as peças da campanha alertam que pessoas com tosse por mais de três semanas - principal sintoma da doença – devem procurar um serviço de saúde. Além disso, para serem curados, os pacientes não podem interromper o tratamento, que dura seis meses. O objetivo da campanha é levar mais informação às pessoas, para acabar com o preconceito sobre a doença.

*Com informações do Observatório Tuberculose Brasil